1. Sem a menor condição de ir: um livro que você quer muito, mas está caro
Nos últimos tempos tudo no mercado editorial tá caro demais, mas os livros que eu mais desejo no momento e que estão fora do meu alcance são Café da Manhã dos Campeões do Kurt Vonnegut, que está por 38 reais na Amazon na edição da Intrínseca, e Pessoas Normais da Sally Rooney que está por 40. Agora que estou entendendo um pouco mais sobre mercado literário por conta do curso de produção editorial que acabei de fazer, tenho plena ciência de que esse preço é justo para a qualidade do trabalho e do material que essas editoras usam, a questão é que realmente não tenho como comprar livros de 40 reais no momento.
2. Não veio: um livro que você tinha muita expectativa, mas te decepcionou
Vocês já sabem sobre a minha decepção com O Peso do Pássaro Morto da Aline Bei, então vou só chover no molhado agora. Esse título é muito bonito e a ideia do livro (que inclusive é um romance de formação) é muito boa, mas a execução é terrível. Não acontece absolutamente nada de bom na vida inteira dessa mulher, tudo é muito apelativo e graficamente deprimente e detesto a estrutura que tenta ser prosa poética, mas são apenas linhas de prosa quebradas. Quase me doeu fisicamente terminar essa leitura e me doeu muito mais que eu estivesse tão empolgada com ela.
3. Vem aí ou não vem essa porra?: um livro encalhado que você está enrolando pra ler
Rebecca da Daphne du Marier já estava encalhado na minha estante há anos e eu ainda não considero ele desencalhado porque estou enrolando muito pra continuar a leitura depois das primeiras 50 páginas. De livros que eu ainda nem comecei os que mais enrolo são os livros do que eu chamo de meu ataque da ficção científica, que eu comprei numa fase em que achava que ia ser uma grande fã de sci-fi, colecionadora dos livros da Aleph, discípula de Asimov: Neuromancer do William Gibson e Andróides Sonham Com Ovelhas Elétricas do Phillip K. Dick. Só a misericórdia dos anjos do sci-fi podem me ajudar a desencalhá-los.
4. Não quero ir: um livro que você tem receio de ler
Os dois livros que escolhi citar aqui me provocam receio por motivos muito diferentes. Comer Animais do Jonathan Safran Foer é um livro de não-ficção basicamente sobre comer carne e sobre as consequências éticas, ambientais e de saúde que isso tem. Muitos veganos famosos dizem que esse foi esse livro que os levou a parar de comer carne. Meu receio é porque não tenho um histórico muito bom em concluir leituras de não-ficção mais longas e porque não tenho condições financeiras de cortar a carne totalmente no momento, apesar de já ter cortado a carne vermelha há mais de um ano e meio. Já o segundo é Por Quem os Sinos Dobram do Ernest Hemingway, que é um calhamaço gigantesco sobre guerra escrito pelo Hemingway, com quem tenho uma relação de amor e ódio, então acho que nem preciso explicar meu receio.
5. Por favor não vem: um livro que vivem recomendando, mas você se recusa a ler
Todos os livros do Stephen King, mas principalmente It, A Coisa, Sobre a Escrita e O Iluminado. Não sei de onde começou minha implicância com o King, mas definitivamente não veio dele, porque não tenho nada contra o escritor. Provavelmente ela vem dos fãs insuportáveis, em geral homens jovens brancos de classe média, que acham que são ótimos leitores porque consideram o King o melhor escritor que já existiu. Dois desses livros que eu citei que mais me recuso a ler foram adaptados pra filmes de sucesso e se tem uma coisa que o fã médio de Stephen King acha que é mais do que um bom leitor é um cinéfilo de carteirinha, então tá feito o ranço. O Sobre a Escrita eu já tive vontade de ler, mas depois pensei que talvez não seja a minha praia um livro com dicas de escrita de um homem que escreve um livro por ano e tem uma altíssima opinião sobre si mesmo. Só pra finalizar, queria citar também Os Sete Maridos de Evelyn Hugo da Taylor Jenkins Reid que tenho me recusado a ler até o momento, apesar do hype gigantesco, simplesmente porque tenho medo do hype. Quanto maior o hype maior a decepção, na minha experiência.
6. Será que eu vou?: um calhamaço que você sabe que vai gostar, mas tem preguiça de começar
Eu lembro que li as primeiras páginas de Pássaros Feridos da Colleen McCullough em e-book há muito tempo atrás e me apaixonei pela voz narrativa e pela ambientação na Austrália do fim do século XIX e início do século XX, e sei que vou amar o livro como um todo por ser um romance histórico grandioso bem no estilo E O Vento Levou. O problema é que é um livro longuíssimo que já me dá gatilhos do meu medo de calhamaço só de olhar pra ele na estante.
7. Queria que viesse: um livro que deveria ter continuação ou mais páginas, de tão bom
Nenhum livro precisa de continuação, minha gente, coloquem isso na cabeça de vocês. Se você tá escrevendo pensando em fazer continuação já tá escrevendo errado. Foi até difícil pra mim pensar numa resposta pra essa pergunta porque realmente tô saturada de continuações até o pescoço (ressalte-se a exceção que confirma a regra, que é Wallbanger da Alice Clayton), mas agora que estou relendo Persuasão eu queria muito que ele tivesse mais páginas e que a Jane tivesse tido tempo para revisá-lo como ela provavelmente pretendia. Acho que com 15 anos de revisão, como Orgulho e Preconceito teve, esse livro seria a coisa mais perfeita da carreira dela e é uma pena e uma perda irreparável que ela não tenha podido fazer isso.
8. Não deveria vir aí: uma continuação desnecessária
Eu acho todas as continuações do mundo desnecessárias, exceto as da série Wallbanger da Alice Clayton que eu pagaria milhões pra continuar lendo ad infinitum. No entanto, a continuação mais enfurecedoramente desnecessária que foi anunciada nos últimos tempos foi a de Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo do Benjamín Alire Sáenz. EU CONFIEI NAQUELE ROSTINHO DE AVÔ LATINO BONDOSO QUE ELE TEM, ACHEI QUE ELE NÃO FOSSE ME DECEPCIONAR ASSIM, mas não, ele tem que estragar um romance de formação bonito e sem furos e transformar em sabe deus o que. Não preciso citar Me Encontre do Andre Acciman porque acho que eu e todo mundo que gostou de Me Chame Pelo Seu Nome entrou em consenso de fingir que essa bomba não existe.
9. Vem aí: sua próxima leitura
Acho uma extrema cara de pau pensar na próxima leitura quando ainda preciso terminar Rebecca, A Canção de Aquiles, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (com o detalhe de que prometi pra mim mesma que não ia abandonar nenhum livro esse ano) e Daisy Jones and The Six da Taylor Jenkins Reid (que ainda nem sei se posso considerar uma leitura engatada ou não, porque tô bem no comecinho. Mas como sou cara de pau ainda queria muito que desse pra ler Cranford da Elizabeth Gaskell, porque me deu um revival do meu amor por romanções vitorianos, e The Blue Castle da L. M. Montgomery, porque li o começo depois de ele aparecer indicado na minha edição de Persuasion e É ABSOLUTAMENTE INCRÍVEL, MEU TIPINHO, FEITO PRA MIM.
10. Já vai?: uma leitura tão gostosa que você nem percebeu quando acabou
Eu não tenho lido rápido em milênios, então a única leitura relativamente recente que eu posso citar aqui é Pessoas Normais da Sally Rooney, que terminei em uns 4 dias, com dois dias de pausa no meio porque estava muito ocupada. Essa leitura não é necessariamente gostosa, porque ela é muito intensa e a honestidade desconcertante da Sally sobre algumas questões muito complexas e dolorosas chega a ser incômoda, mas tem uma linguagem muito rápida e fluida que faz com que você não perceba que as páginas estão passando e o apego que a gente cria ao Connell e Marianne faz com que você lamente ter que parar de acompanhar a jornada deles tão cedo.
11. Não vim: um livro que todo mundo leu, menos você
A sensação que eu tenho com o tamanho do hype de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo da Taylor Jenkins Reid no booktube é de que todo mundo e a mãe de todo mundo já leu esse livro, mas provavelmente é só impressão mesmo. Como disse ali em cima me recuso a ler justamente por isso. Já Teto Para Dois da Beth O’Leary é um caso diferente porque só quem leu foi o mundinho dos Loucos Por Romances, mas TODO MUNDO desse mundinho leu e amou. Tenho um pouco de preguiça desse livro porque ele parece ser daqueles romances românticos que quer fazer pensar e quando eu leio romanção eu não quero pensar, gente, só quero um escapismo básico e a certeza de um final feliz
12. Talvez venha aí: um livro que você pretende dar uma segunda chance
Queria muito ter lido Emma da Jane Austen esse ano, porque minto por aí que terminei esse livro quando na verdade pulei mais ou menos um terço dele, mas não rolou, então fica já pra meta do ano que vem. Meu motivo pra querer dar essa segunda chance mesmo ele tendo sido tão lento que me obrigou a pular esse trecho longo é que todas as adaptações de Emma são tão boas e tão divertidas que me recuso a acreditar que possam ter sido geradas por um livro que eu achei tão entediante. Também quero dar uma segunda chance pra Fúria dos Reis, segundo livro de As Crônicas de Gelo e Fogo do George R. R. Martin, porque tenho todos os livros dessa série e gosto de verdade dela, foi somente o meu pânico de calhamaços que me tombou nessa leitura.
13. Será que vem aí?: uma série que você quer começar
Tirando as séries que eu comecei a leitura do primeiro livro e acabei abandonando e que não sei se contam como séries iniciadas ou não (Tetralogia Napolitana e As Crônicas de Arthur), eu queria muito começar a ler O Ciclo Terramar da Ursula Le Guin, do qual já tenho o primeiro livro.
14. Vim: um livro que você só leu depois que o hype passou
Todos? Raramente eu leio um livro durante o hype porque fica tudo muito caro. Mas os que eu demorei mais pra ler pós-hype foram Hibisco Roxo da Chimamanda que já vinha sendo exaltado desde 2015 e eu só fui ler ano passado e Estudos Sobre Veneno da Maria V. Snyder, que eu nem sei se algum dia chegou a ser hypado de verdade no Brasil, mas na gringa já tava esquecido há uns 7 anos quando eu peguei pra ler.
15. O que será que vem aí?: uma continuação que você está animado/curioso para ler
Já falei que não gosto de continuações né? Não é minha praia, mas estou ouvindo o audiobook de One More Round da Alice Clayton que saiu de surpresa esse mês e quero muito saber como termina, porque são uns 7 anos, no mínimo, acompanhando as peripécias de Simon e Caroline na série Wallbanger então esse livro foi pra mim.
16. Não vem aí: uma série que você abandonou
Acho que se você for parar pra pensar há quanto tempo eu não continuo uma série ia chegar à conclusão de que abandonei todas as séries que já comecei na vida, mas eu sempre me iludo achando que um dia vou continuar. Uma das poucas que eu oficialmente decidi que não vou continuar é a série Montague Siblings da Mackenzi Lee, que quando eu comecei a ler era apenas um stand alone chamado The Gentleman’s Guide to Vice and Virtue que nem tinha saído no Brasil e que NÃO PRECISAVA DE CONTINUAÇÃO, mas agora já tem 3 livros e meio e quem sabe onde vai parar? The Gentleman’s Guide é um livro de fantasia de época (que me lembra muito o musical Hamilton em vários aspectos) extremamente divertido, e eu amei os personagens, principalmente o Percy e o Monty, mas a história deles era muito redondinha e a vida é muito curta pra ficar lendo continuação desnecessária.
17. Eis-me aqui: um lançamento que você está prontíssimo pra ler
Chegou recentemente o meu exemplar de O Grande Gatsby do Scott Fitzgerald na edição belíssima da Antofágica que eu comprei na pré-venda e eu quero muuuuito reler porque não lembro nada desse livro e reli uma resenha linda que escrevi aqui no blog na época que li e preciso saber o que diabos tem nesse livro que me fez escrever aquelas coisas tão bonitas. Também quero muito ler A Vida de Charlotte Brontë da Elizabeth Gaskell que saiu recentemente pela Pedrazul e que eu já comentei um pouco sobre aqui no blog. Lançamentos de livros inéditos mesmo eu acho que não tem nenhum que eu queira ler, por enquanto.
18. Pensando se vai vir: um livro estrangeiro que você quer que seja publicado aqui no brasil
Quero muuuuuito que The House in The Cerulean Sea do T.J. Klune seja publicado porque morro de vontade de ler esse livro que promete famílias sem laços de sangue e vilões que no fundo têm uma capacidade gigantesca para o amor (somente coisas que eu amo), mas não me atrevo a encarar calhamaço em inglês. Como ele ainda é relativamente recente pode ser que alguma editora brasileira faça essa caridade. Um caso um pouquinho mais complicado é o de I Capture the Castle da Dodie Smith, que já é um clássico na gringa, mas que até onde eu sei nunca fui publicado no Brasil. Esse eu acho que me atrevo a ler em inglês PORQUE É ROMANCE DE FORMAÇÃAAAO, mas ficaria morta de contente se alguma editora traduzisse.